No próximo sábado, 31 de maio, às 21h (hora de Lisboa), Paris
Saint-Germain e Inter de Milão encontram-se na Allianz Arena para
decidir o campeão europeu de 2025. Mas para além do espetáculo que
uma final da Liga dos Campeões sempre promete, este jogo oferece uma
rara oportunidade de analisar dois modelos táticos distintos — ambos
bem trabalhados — que chegam à mesma meta por caminhos opostos.
Luis Enrique apostou esta época num 4-3-3 clássico, mas adaptado ao
contexto do PSG: posse com intenção, pressão alta com coordenação e
mobilidade ofensiva pelos corredores. Já Simone Inzaghi mantém o seu
já consolidado 3-5-2, que se transforma em 5-3-2 em momento
defensivo, com forte controlo posicional e exploração vertical do
espaço.
O que torna esta final particularmente interessante é o confronto
direto entre estes sistemas em zonas chave do campo.
O PSG, quando perde a bola, reage com um "gegenpressing" imediato
liderado pelo trio ofensivo (geralmente Dembélé, Kolo Muani e
Asensio), enquanto os médios (Vitinha e Fabian Ruiz) encurtam
rapidamente o espaço entre linhas. O objetivo é forçar o erro numa
zona alta e recuperar a posse em 8 segundos — princípio recorrente
nos treinos de Luis Enrique.
Já o Inter aposta numa transição mais vertical e direta. Ao
recuperar, Barella e Çalhanoğlu têm instruções claras: procurar
imediatamente o espaço entre os centrais adversários e os laterais
— zonas que o PSG, por jogar com laterais projetados, por vezes
deixa vulneráveis. Thuram, com a sua velocidade, e Lautaro, com o
seu posicionamento, são fundamentais nessa primeira bola longa.
Confrontos táticos chave
1. Hakimi vs. Dimarco
Hakimi sobe muito, quase como um extremo. Se Dimarco não for
ajudado por Bastoni ou Mkhitaryan no lado esquerdo, esse
corredor pode ser uma via de entrada constante para o PSG. Por
outro lado, se Dimarco conseguir empurrar Hakimi para trás com
subidas regulares, pode inverter a dinâmica.
2. Vitinha vs. Barella
Um dos duelos mais intrigantes do jogo. Vitinha tem sido
essencial no equilíbrio ofensivo-defensivo do PSG, com
ocupações inteligentes de espaços intermédios e recuperação
rápida. Barella, por sua vez, é dos médios mais dinâmicos da
Europa — conduz, rompe linhas e chega à área com frequência.
Quem vencer este duelo pode inclinar o meio-campo.
3. Donnarumma vs. Pressão Alta do Inter
O Inter não costuma pressionar alto de forma contínua, mas em
jogos-chave já o fez — e com sucesso. Donnarumma, por vezes
inseguro com os pés, poderá ser um alvo claro. A colocação dos
três centrais do Inter (Acerbi, Pavard e Bastoni) permite
cobertura eficaz caso os médios subam a pressionar.
Fatores de adaptação
Ambos os treinadores mostraram esta época flexibilidade
estratégica. O PSG, quando em vantagem, já baixou o bloco em
4-1-4-1 para proteger o resultado. O Inter, se a perder, pode
arriscar um 3-4-1-2 com Frattesi a entrar como médio mais
ofensivo.
As substituições e a leitura do jogo em tempo real serão decisivas
— sobretudo se a final for longa.
Conclusão para quem observa o jogo taticamente
Esta final é menos sobre "quem tem as maiores estrelas" e mais
sobre "quem consegue aplicar melhor o seu modelo em 90 (ou 120)
minutos". Para treinadores, analistas ou entusiastas da componente
tática do jogo, o duelo entre PSG e Inter será uma aula em tempo
real sobre como estruturar uma equipa — com ou sem bola — num
cenário de máxima exigência.
Para quem gosta de estudar futebol, esta final é mais do que
entretenimento. É um caso prático — ao mais alto nível.